sábado, 11 de maio de 2013

Um ano atrás

Um ano atrás, um pouco antes disso na verdade, eu decidi ir morar fora. Honestamente, fui matar uma vontade que carregava comigo desde a adolescência. Ali, meu sonho era ir trabalhar nas férias escolares em Orlando, na Disney, mas, não foi possívl! Com o passar dos anos o foco mudou, agora, era o velho continente europeu que me despertava tamanha curiosidade e anseio de poder conhecer um dia.




A decisão de vir fazer esse intercâmbio não foi fácil, mas também no momento eu não via muitas possibilidades onde eu estava, havia recém saído de um trabalho, não estava feliz com as oportunidades que me apareceram e isso reforçou a vontade de viajar. Emocionalmente é tudo mais complicado, tem a família, os amigos e, no meu caso, meu namorado, que não estava morando em São Paulo. Foi muito dolorido deixar tudo para trás, principalmente com a incerteza de não saber o que e como encontraria as coisas aí no Brasil.

Decisão tomada, e em dois meses tudo estava resolvido. Na verdade foi um mês inteiro só de pesquisa, da escolha da agência, depois da escola, depois da companhia aérea e fechar a data da viagem. Pesquisei tanto sobre essa Irlanda, mas tanto, que eu conhecia o sistema de ônibus (até já algumas linhas ), os nomes das ruas de tanto ''andar'' por elas no Google Maps, algumas delas já eram familiares sem em nunca ter postos os meus pés de fato ali. Coisa meio de doido eu sei, pois tem um povo aí que gosta de surpresas, de chegar no local e descobrir tudo na hora. Mas eu não. Não me comporto bem em meio a surpresa, em geral dou gafes...




Eu leio sinopse e crítica de um filme antes de assisti-lo, leio bula de remédio, adoro ler os rótulos de produtos e até os chatérrimos manuais de instrução já me peguei folheando, super compenetrado. Voltando ao intercâmbio, vou dar um pulo no tempo, pois em post anteriores (eu não sei marcar os links como vejo bonitinhos em outros sites, mas enfim) eu conto como foi as despedidas, o voo, as primeiras impressões, tá tudo aqui!

Crédito: http://i1.trekearth.com/photos/42498/dublin_rain.jpg

Quem me conhece sabe que minha relação com Dublin é de amor e ódio, mais de amor do que ódio, mas às vezes dá vontade de comprar um bilhete para o primeiro destino em promoção da Ryanair e zurpar da ilha! Mas também serei eternamente grato a tudo que ela me ensinou e proporcionou. Pode parecer clichê, mas o Davi que saiu do Brasil e o que está aqui escrevendo hoje é outro, em vários pontos. Morar na Europa me fez exercitar a humildade (todo mundo que já foi ou é imigrante sabe do que estou falando), aumentou minha educação (estou mais cortês, aqui eh tal de sorry e thank you para todos os lados, daí você entra no ritmo!), fiquei mais confiante (sair da zona de conforto e aqui preciso batalhar por minhas coisas, casa, trabalho, cozinhar, lavar, limpar a casa - e tem pessoas que acham que viemos passar férias na Europa rs).

Temple Bar: o principal ponto turístico de Dublin

Em um ano experimentei sentimentos até então inéditos em minha vida; sofri por amor (quem nunca?), senti rejeição (me refiro a frieza do povo europeu, em suma), me senti vulnerável (quando perdi meu teto e fui socorrido por meus amados amigos Jéssica, Igor e Ana Biatrix), senti medo (durante o tempo que não encontrava trabalho). Alguns desses sentimentos, é claro, eu já havia sentido no Brasil, mas morando longe de todos tudo isso se multiplica.



Fiz grandes amigos, poucos mas fiz, descobri que amo comida chinesa e um pouco apimentada. Descobri que não gosto de cozinhar (como eu jurava antes), ter a obrigação de cozinhar é um pé no saco! Voltei a andar de bicicleta, emagreci, voltei a engordar, já caminhei pelas ruas dessa Europa mais do que tudo  que eu imaginei andar na vida (as bolhas nos pés também fazem parte das lembranças dos países que visitei). Já conheci 8 países, e tenho uma meta de conhecer mais 22, ou seja, 30! Torçam por mim.



No próximo post falarei de pessoas que são e foram especiais até o momento! Boas histórias vem por aí!

O fato é que renovei meu visto, ficarei por aqui mais uma ano, e dessa vez, estou mais de alma aberta do que antes, mais calmo, mais tranquilo, mais confiante, mais local. Sei que sou imigrante, mas legal, portanto, usufruo da qualidade de vida que esse país proporciona e é um dos quesitos que mais sentirei falta quando voltar ao Brasil.

Se chegou até aqui, meu muito obrigado pela leitura e espero que tenha gostado!

Beijos e abraços!